Para a maioria de nós, o sonho de conhecer um novo destino começa muito antes de fazer as malas. Começa com uma pesquisa, uma faísca de inspiração e, inevitavelmente, com a busca por passagens aéreas. É nesse momento que, muitas vezes, o sonho esbarra na realidade dos preços flutuantes e, francamente, assustadores.
Você já se perguntou por que seu colega pagou R$ 500 a menos pelo mesmo voo? Ou por que o preço mudou magicamente em questão de minutos? A verdade é que encontrar passagens aéreas baratas não é sorte; é estratégia.
O mercado de tarifas aéreas é um sistema complexo de algoritmos, oferta, demanda e tempo. As companhias aéreas querem maximizar seus lucros, e seu trabalho, como viajante inteligente, é entender esse jogo para vencê-lo.
Se você está cansado de sentir que está sempre pagando o preço mais alto, este guia é para você. Vamos desmistificar o processo do início ao fim. Esqueça os "hacks" milagrosos que não funcionam. Vamos focar em métodos comprovados, ferramentas corretas e, o mais importante, na mentalidade certa. Este é um guia completo, escrito para pessoas leigas, que vai transformar você de um comprador casual em um mestre da economia em viagens.
Se você pudesse levar apenas uma dica deste artigo inteiro, seria esta: seja flexível. Quanto mais flexível você for, mais você economizará. Os preços das passagens não são fixos; eles flutuam com base na demanda. Se você precisa voar para Paris na sexta-feira antes do Natal e voltar no domingo depois do Ano Novo, você está competindo com milhares de pessoas que querem exatamente o mesmo itinerário. Você pagará o preço premium.
Flexibilidade não significa apenas uma coisa; ela se aplica a três áreas principais:
A segunda maior dúvida do viajante é: "Qual a hora certa de comprar?". Existe um dia mágico? Uma hora da madrugada? Vamos separar os fatos da ficção.
Esqueça o mito de que comprar com um ano de antecedência garante o melhor preço. Não garante. As companhias aéreas geralmente liberam seus voos com 11 a 12 meses de antecedência, mas elas não começam a gerenciar ativamente os preços até alguns meses antes.
A "janela de ouro" para a compra varia:
Atenção: A única exceção a essa regra é a altíssima temporada (Natal, Ano Novo, Carnaval, Julho) ou grandes eventos (Olimpíadas, Copa do Mundo). Nesses casos, o voo só vai encher. Assim que souber suas datas, compre. A chance de o preço baixar é quase nula.
Já mencionamos isso na flexibilidade, mas vale reforçar. O dia da semana em que você voa (não o dia em que você compra) tem um impacto gigantesco.
Por que o sábado é barato? Porque a maioria dos viajantes de fim de semana quer sair na sexta e voltar no domingo para aproveitar o sábado inteiro no destino. O viajante a negócios voa na segunda e volta na quinta ou sexta. O sábado fica "sobrando".
Pode parecer básico, mas é o fator número um nos preços. Tentar economizar indo para a Europa em julho (verão, férias escolares) é como tentar economizar comprando um carro no dia do lançamento. A demanda está no pico.
Se puder, viaje na baixa temporada. O clima pode não ser perfeito, mas você encontrará menos multidões e preços drasticamente menores, não só em voos, mas em hotéis e atrações.
Melhor ainda: mire na "shoulder season" (temporada de ombro). São aqueles meses-ponte entre a alta e a baixa temporada. Por exemplo: ir para a Europa em maio/junho ou setembro/outubro. Você pega um clima excelente, mas foge dos preços e das multidões de julho e agosto.
Você não precisa caçar ofertas manualmente. A tecnologia é sua melhor assistente de compras. Você só precisa saber quais botões apertar.
Nunca, jamais, compre um voo diretamente no site de uma companhia aérea sem antes comparar. Use os grandes buscadores. Eles rastreiam centenas de companhias e agências de viagem (OTAs) em segundos.
Esta é a estratégia para quem tem datas definidas, mas não tem pressa de comprar.
Depois de pesquisar seu voo (ex: São Paulo para Nova York, 10 a 20 de maio), não compre. Em vez disso, crie um alerta de preço no Google Flights, Skyscanner ou Momondo.
Você receberá um e-mail toda vez que o preço desse voo específico cair ou subir. Isso tira de você a ansiedade de ter que checar o preço dez vezes por dia. Você define seu itinerário, ativa o alerta e espera. Quando o preço cair para um valor que você considera justo, você recebe a notificação e compra.
Este é um dos mitos mais persistentes. A teoria é que as companhias aéreas usam seus cookies (histórico de navegação) para ver que você está muito interessado em um voo e, por isso, sobem o preço para você.
Isso é majoritariamente um mito.
Os preços das passagens mudam constantemente, mas isso se deve a algoritmos de precificação dinâmica baseados em demanda geral, assentos restantes na tarifa "X" e regras complexas. É muito mais provável que, enquanto você pesquisava, alguém comprou o último assento daquela tarifa promocional, e o preço subiu para o próximo "bloco" de tarifas, mais caro.
Usar o modo anônimo (ou limpar seus cookies) não faz mal nenhum, mas não espere milagres. A flutuação de preços é real e acontece para todos, não apenas para você.
Falar de economizar em passagens sem falar de milhas é impossível. Esta é, sem dúvida, a forma mais eficaz de conseguir voos de graça ou com descontos enormes. É um tópico que merece um artigo próprio, mas vamos aos fundamentos para leigos.
Quase toda companhia aérea tem seu programa (Smiles da Gol, LATAM Pass da LATAM, TudoAzul da Azul). Você se cadastra gratuitamente e começa a acumular pontos (milhas) toda vez que voa com elas ou com companhias parceiras. Depois, você troca essas milhas por novas passagens.
O erro da maioria das pessoas é achar que só se acumula milhas voando. O viajante inteligente acumula a vasta maioria de suas milhas no chão. Como?
O segredo é concentrar seus gastos em um bom cartão e aproveitar as promoções de transferência (ex: "Transfira seus pontos Livelo para a Smiles e ganhe 100% de bônus"). É assim que seus pontos dobram de valor.
Se você já domina o básico (flexibilidade, ferramentas e milhas), pode subir de nível com algumas táticas mais avançadas.
Um stopover é uma conexão longa (geralmente mais de 24 horas) em uma cidade, que permite que você saia do aeroporto e conheça o local. Muitas companhias aéreas incentivam isso de graça como forma de promover seu país de origem.
Exemplos clássicos:
Em vez de apenas fazer uma conexão de 2 horas em Lisboa a caminho de Roma, você pode ficar 3 dias em Lisboa, conhecer a cidade, e depois seguir para Roma, tudo pelo mesmo preço da passagem original.
Em muitas partes do mundo (especialmente Europa e Ásia), as companhias Low Cost (de baixo custo), como Ryanair, EasyJet ou AirAsia, dominam. Elas oferecem preços-base incrivelmente baixos (ex: 15 euros por um voo).
O truque? Esse preço é apenas pelo seu assento. Tudo o mais é pago:
A Regra: Ao comparar um voo "low cost" com um de companhia tradicional (como Lufthansa ou Air France), sempre some todos os custos adicionais. Se você viaja só com uma mochila, a low cost vencerá. Se você precisa despachar uma mala, muitas vezes o preço final da tradicional (que já inclui a mala) fica mais barato.
Skiplagging funciona assim: você quer voar de São Paulo (GRU) para Fortaleza (FOR). Esse voo direto está caro, R$ 1.000. Você pesquisa e descobre um voo de São Paulo (GRU) para Juazeiro do Norte (JDO) com conexão em Fortaleza (FOR) por R$ 600.
Você compra o voo para Juazeiro, embarca em São Paulo, desce na conexão em Fortaleza e... simplesmente não pega o segundo voo. Você sai do aeroporto.
Os Riscos (e são grandes):
É uma economia real? Sim. É recomendado? Para a vasta maioria dos viajantes, não.
Antigamente, a regra era clara: comprar ida e volta ("round-trip") era sempre muito mais barato do que comprar dois trechos separados ("one-way").
Hoje, isso mudou, especialmente em voos nacionais e com o advento das low costs.
Muitas vezes, comprar trechos separados compensa. Usando os comparadores, você pode descobrir que a ida mais barata é pela GOL e a volta mais barata é pela LATAM. Comprar esses dois trechos separados pode sair mais barato do que comprar ida e volta na mesma companhia.
Exceção: Em voos internacionais de longa distância com companhias tradicionais, a regra antiga ainda vale. Um voo de ida e volta para a Ásia ou Europa geralmente ainda é significativamente mais barato do que comprar duas passagens "só de ida".
Encontrar passagens aéreas baratas não é um golpe de sorte ou um segredo guardado a sete chaves. É o resultado de um processo que combina flexibilidade, paciência, pesquisa e estratégia.
Se você levar deste guia os pilares centrais — ser flexível com suas datas e destinos, usar as ferramentas de alerta a seu favor, entender o básico sobre milhas e sempre comparar o custo total (incluindo bagagens) — você estará quilômetros à frente da maioria dos viajantes.
A economia que você faz na passagem aérea não é apenas um número. É o dinheiro extra que você terá para gastar em um jantar melhor, em um passeio inesquecível ou na reserva do seu próximo hotel. A viagem dos seus sonhos começa com uma compra inteligente.
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