Dinheiro é, talvez, o maior tabu familiar. Falamos sobre saúde, política e até relacionamentos, mas raramente abrimos o jogo sobre nossas finanças. O resultado? Uma herança silenciosa de hábitos ruins, medos e erros que são passados de geração em geração.
Se você está lendo isto, é provável que já tenha trilhado esse caminho. Talvez você tenha se endividado com o cartão de crédito, vivido no limite do cheque especial, feito um financiamento ruim ou simplesmente não tenha conseguido poupar. Você aprendeu da maneira mais difícil.
E agora, você vê seus filhos crescendo ou observa seus parentes próximos, e o medo bate: e se eles cometerem os mesmos erros?
A boa notícia é que o ciclo pode ser quebrado. A má notícia é que não adianta só "dar sermão". A educação financeira que realmente funciona não é sobre palestras; é sobre transparência, exemplo e método.
Este guia completo foi feito para você, que já errou e agora quer acertar. Vamos detalhar como ensinar seus filhos, desde pequenos, e como abordar parentes adultos (cônjuges, irmãos, pais) sem causar uma guerra familiar.
Antes de ensinar, precisamos entender por que erramos. Raramente um erro financeiro é um problema de "matemática". Quase sempre é um problema de comportamento.
Nós herdamos dos nossos pais um "roteiro financeiro" (ou financial blueprint). Esse roteiro é um conjunto de crenças e hábitos que absorvemos na infância:
Seus filhos e parentes estão, agora mesmo, aprendendo com o que eles veem você fazendo. O primeiro passo para quebrar o ciclo não é apontar o dedo para eles, mas sim para o espelho.
Crianças, em especial, têm um detector de hipocrisia apuradíssimo. De nada adianta você falar para seu filho "poupar" se ele vê você chegando com sacolas de compras todo fim de semana e reclamando de "falta de dinheiro" no fim do mês.
"Faça o que eu digo, não faça o que eu faço" é a receita do fracasso financeiro.
Para ensinar, você precisa primeiro se tornar o exemplo. E isso não significa que você precisa ser rico ou perfeito. Significa que você precisa ser transparente e intencional.
A educação financeira não começa aos 18 anos com a primeira conta no banco. Ela começa aos 3, no carrinho do supermercado.
Nessa fase, o conceito é abstrato. O foco não é "investir", mas sim três lições básicas:
Aqui começa o jogo real. É hora de introduzir a mesada educativa.
Atenção: Mesada não é "pagamento" por tirar nota boa ou arrumar o quarto (isso são obrigações). Mesada é a ferramenta para aprender a administrar.
O adolescente já entende conceitos complexos. É a fase de ouro para ensinar sobre as duas forças mais poderosas das finanças:
Seu filho entrou na faculdade e ganhou o primeiro "Kit Banco Universitário": conta, cheque especial e cartão de crédito. É aqui que os erros que você cometeu estão prestes a se repetir.
Esta parte é, talvez, mais difícil do que educar filhos. Você não tem autoridade sobre seu irmão que vive endividado, sua esposa(o) que gasta por impulso, ou seus pais que nunca souberam poupar.
Aqui, a regra é: Conselho não solicitado é crítica. Você não pode forçar a mudança. Você precisa inspirar.
Seu parente invariavelmente vai reclamar: "Não sei o que acontece, o dinheiro some!" ou "Estou no vermelho de novo!".
Ao pedir permissão para aconselhar, a pessoa baixa a guarda e fica receptiva.
Não aponte os erros do outro. Fale dos seus acertos e objetivos.
Isso gera curiosidade ("Como você fez isso?"), e não julgamento.
Às vezes, é mais fácil deixar um "especialista" falar por você. Presentear com um livro de finanças pessoais (como "Pai Rico, Pai Pobre" para inspirar, ou "O Homem Mais Rico da Babilônia" para lições práticas) pode ser o estalo que a pessoa precisa, sem que ela se sinta atacada por você.
Aqui o buraco é mais embaixo. Se seu parceiro(a) é o problema, o casal é o problema. Não há "meu dinheiro" e "seu dinheiro"; há "nossos objetivos".
Este é um erro clássico: você, que se organizou, vira o "banco" da família. Ao "ajudar" (emprestar) repetidamente, você está, na verdade, atrapalhando. Você está sendo o facilitador do vício em dívidas dele.
A melhor forma de ajudar não é dar o peixe.
Para quebrar o ciclo, você precisa substituir os velhos (e errados) "roteiros financeiros" por novos e saudáveis.
Quebrar um ciclo de erros financeiros que atravessa gerações não é fácil. Exige coragem para admitir os próprios erros e paciência para ensinar quem amamos.
Você não precisa ser um especialista em investimentos, nem ter ficado rico. Você só precisa ser honesto sobre sua jornada e intencional em mudar a rota da sua família.
Comece hoje. Tenha a conversa desconfortável. Abra o cofrinho do seu filho. Mostre seu orçamento para seu cônjuge. Ofereça ajuda (a certa) para seu irmão.
A estabilidade financeira que você almeja para sua família não será construída com o dinheiro que você deixa para eles, mas com o conhecimento que você compartilha com eles. Esse é o único legado que os juros não comem e que crise nenhuma pode tirar.
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