Dizem que Albert Einstein certa vez se referiu aos juros compostos como "a oitava maravilha do mundo" e "a força mais poderosa do universo". Verdade ou lenda, a definição é perfeita. Os juros compostos são o motor silencioso por trás de quase todas as grandes fortunas construídas através de investimentos.
Se você já se perguntou como pessoas "comuns" conseguem acumular patrimônios milionários ao longo da vida, a resposta raramente está em uma herança ou em ganhar na loteria. O segredo, na maioria das vezes, chama-se disciplina, tempo e juros compostos.
O problema é que esse conceito, embora simples, é frequentemente ignorado. Falhamos em entendê-lo na escola e só percebemos seu poder quando o vemos funcionando contra nós, na forma de dívidas no cartão de crédito ou no cheque especial.
Este artigo é um guia definitivo para leigos. Vamos desmistificar de uma vez por todas o que é essa "mágica", por que ela é a melhor amiga do investidor e a pior inimiga do devedor. Prepare-se para entender como fazer seu dinheiro trabalhar por você, 24 horas por dia, de forma exponencial.
A forma mais fácil de entender os juros compostos é pensar em uma bola de neve rolando morro abaixo.
Ela começa pequena, quase insignificante. Mas, à medida que rola, ela não apenas ganha mais neve, mas a neve que ela já pegou começa a pegar mais neve ainda. A velocidade e o tamanho aumentam exponencialmente.
Juros compostos são, literalmente, "juros sobre juros".
Funciona assim:
Seu dinheiro começa a ter "filhinhos" (os juros). No mês seguinte, seu dinheiro principal e os "filhinhos" também têm "filhinhos". Sua família de dinheiro cresce exponencialmente.
Para entender o poder dos juros compostos, precisamos compará-los ao seu primo "preguiçoso": os juros simples.
Vamos ver na prática a diferença brutal entre os dois.
Cenário: Você investe R$ 10.000,00 em um lugar que rende 1% ao mês.
| Mês | Juros Simples (Rende R$ 100 todo mês) | Juros Compostos (Rende 1% sobre o total) | 
| Inicial | R$ 10.000,00 | R$ 10.000,00 | 
| Mês 1 | R$ 10.100,00 | R$ 10.100,00 (Rendeu R$ 100,00) | 
| Mês 2 | R$ 10.200,00 | R$ 10.201,00 (Rendeu R$ 101,00) | 
| Mês 3 | R$ 10.300,00 | R$ 10.303,01 (Rendeu R$ 102,01) | 
| ... | ... | ... | 
| Mês 12 (1 Ano) | R$ 11.200,00 | R$ 11.268,25 | 
| Mês 60 (5 Anos) | R$ 16.000,00 | R$ 18.166,97 | 
| Mês 120 (10 Anos) | R$ 22.000,00 | R$ 33.003,87 | 
| Mês 360 (30 Anos) | R$ 46.000,00 | R$ 359.496,41 | 
No começo, a diferença de R$ 1,00 no Mês 2 parece piada. Mas, após 30 anos, os juros simples lhe deram um total de R$ 46 mil. Os juros compostos transformaram seus R$ 10 mil em mais de R$ 359 mil.
A bola de neve começou a acelerar. Isso é o poder do tempo.
A "mágica" dos juros compostos depende de três ingredientes fundamentais. Quanto melhor você combinar os três, mais rápido seu patrimônio crescerá.
O tempo é o melhor amigo dos juros compostos. Como vimos no exemplo, a verdadeira mágica acontece no longo prazo. O crescimento não é uma linha reta, é uma curva que se inclina para cima cada vez mais rápido.
Vamos usar um exemplo clássico para provar que começar cedo é mais importante do que investir mais dinheiro.
Conheça duas irmãs, Ana e Bia.
Pergunta: Aos 60 anos, quem terá mais dinheiro?
A resposta é chocante:
Mesmo investindo três vezes menos dinheiro, Ana terminou com quase o dobro do patrimônio de Bia. Por quê? Porque seus R$ 24.000 tiveram 10 anos a mais de "tempo de rolo" da bola de neve. O tempo é o seu maior ativo.
A taxa de juros (rentabilidade) é o que define a velocidade do crescimento. Uma pequena diferença na taxa, ao longo de décadas, cria um abismo no resultado.
Vamos voltar aos R$ 10.000 iniciais, investidos por 30 anos, sem novos aportes:
Perceba que dobrar a taxa (de 0,5% para 1,0%) não dobrou o resultado. Ela multiplicou por 60 vezes. É por isso que é vital buscar bons investimentos e não deixar o dinheiro "parado" em opções que rendem muito pouco.
O terceiro pilar é a sua disciplina de adicionar mais "neve" à bola. Os exemplos que demos até agora eram, em sua maioria, só com um investimento inicial. O verdadeiro poder é quando você combina os juros compostos com aportes mensais.
Você não está apenas deixando a bola de neve rolar, você está ativamente jogando mais neve nela todo mês.
Cenário Final: Se você investir R$ 300,00 por mês durante 35 anos a uma taxa de 0,8% a.m. (uma meta realista):
Você construiu um patrimônio de mais de R$ 700 mil investindo o equivalente a um jantar por semana. Isso não é mágica, é matemática.
Até agora, vimos o lado bom. Mas os juros compostos são uma ferramenta neutra. A mesma força que constrói riqueza pode destruir seu patrimônio na velocidade da luz.
É o que acontece quando você se endivida com as piores ferramentas do mercado: o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial.
Nesses casos, a "bola de neve" é sua dívida. E a "taxa" (Pilar 2) não é de 1% ao mês. É de 10%, 12%, 15% ao mês.
Vamos supor que você entrou no rotativo do cartão, devendo R$ 2.000,00 a uma taxa de juros de 14% ao mês (uma taxa comum no Brasil). Você decide parar de usar o cartão e "deixa a dívida rolar" sem pagar.
Em apenas 12 meses, seus R$ 2.000,00 teriam se transformado em uma dívida de R$ 9.619,00.
Enquanto seu investimento (do bem) leva 30 anos para crescer, sua dívida (do mal) quintuplica em apenas um ano. Isso são os juros compostos trabalhando contra você em altíssima velocidade. O mesmo vale para o cheque especial, que opera na mesma lógica destrutiva.
A lição é clara: fuja das dívidas caras como o diabo foge da cruz. Pague sempre o valor total da fatura do cartão.
Ok, você está convencido de que precisa usar essa força para o bem. Onde encontrá-la? A resposta é: em quase todos os bons investimentos.
Você não precisa ser um gênio da matemática para usar os juros compostos (hoje, planilhas e aplicativos de corretoras fazem tudo por você). Mas, para quem gosta de entender a fundo, a fórmula é esta:
M = C * (1 + i)^t
Calma, vamos traduzir:
O segredo da fórmula está no ^t (elevado ao tempo). É a "potência". É o tempo que age como um multiplicador exponencial sobre a sua taxa de juros. É a matemática por trás da bola de neve.
Os juros compostos não são um esquema de "fique rico rápido". Eles são um plano de "fique rico com certeza, se tiver paciência".
Eles são a prova de que o tempo e a consistência vencem a pressa e o valor inicial.
Você tem duas escolhas hoje:
Não importa o quão pequena sua bola de neve comece. O que importa é colocá-la para rolar morro abaixo o mais cedo possível. Não espere para investir. Invista e espere. O tempo e a oitava maravilha do mundo farão o resto do trabalho por você.
Aproveite para compartilhar clicando no botão acima!
Visite nosso site e veja todos os outros artigos disponíveis!